A Venezuela deu às companhias aéreas internacionais 48 horas para retomar os voos para Caracas ou correr o risco de perder o direito de operar no país, segundo um boletim de alerta da Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA). A diretiva venezuelana veio depois que várias companhias suspenderam o serviço após um aviso da Administração Federal de Aviação (FAA) sobre a “situação potencialmente perigosa” no espaço aéreo venezuelano relacionada à ação militar dos EUA na região.
O Instituto Nacional de Aeronáutica Civil (INAC) da Venezuela emitiu o ultimato. A IATA, que representa cerca de 350 companhias aéreas em todo o mundo, criticou a medida e instou as autoridades em Caracas a retirar o prazo, advertindo que isso isolaria ainda mais um país já entre os menos conectados da América Latina.
Várias companhias internacionais suspenderam voos depois que a FAA aconselhou os operadores a “exercer cautela” na Região de Informação de Voo de Maiquetía (SVZM FIR) devido ao “agravamento das condições de segurança e ao aumento da atividade militar.” O aviso coincidiu com um significativo reforço militar dos EUA no sul do Caribe nos últimos meses, incluindo o desdobramento de um porta-aviões, navios de guerra adicionais e caças F-35.
A companhia espanhola Air Europa suspendeu seus cinco voos semanais entre Madri e Caracas “até que as condições permitam”, enquanto a Plus Ultra interrompeu a mesma rota, segundo a mídia espanhola. A Iberia afirmou que sua suspensão vigorará pelo menos até 1º de dezembro de 2025. A brasileira Gol cancelou seus voos de terça e quarta-feira para Caracas, e a colombiana Avianca também pausou operações. A TAP Air Portugal e a Turkish Airlines suspenderam voos até o fim da semana.
A Copa Airlines, do Panamá, e a estatal venezuelana Conviasa continuam a operar, embora com horários reduzidos.
O comunicado da FAA citou riscos para aeronaves “em todas as altitudes” e advertiu sobre possíveis ameaças decorrentes do aumento da atividade militar. O aviso se aplica a companhias e pilotos dos EUA, mas outros operadores frequentemente seguem as orientações da FAA em áreas de alto risco.
Os EUA e a Venezuela permanecem em um impasse tenso. Washington considera a reeleição de 2024 do presidente Nicolás Maduro ilegítima e, na segunda-feira, designou formalmente o Cartel de los Soles — uma rede acusada de tráfico de narcóticos — como uma organização terrorista estrangeira, identificando Maduro como sua principal figura. Maduro, falando em seu programa semanal de televisão, criticou os EUA pelas operações militares na região e disse que a Venezuela “não será derrotada”.
A IATA afirmou que as companhias aéreas pretendem retornar à Venezuela “assim que as condições permitirem”, mas enfatizou que as decisões operacionais devem basear-se em avaliações de segurança, não em pressão governamental.






