O Pentágono planeja adquirir pelo menos 30.000 drones pequenos e de baixo custo nos próximos meses como parte de uma nova iniciativa agressiva para expandir a produção doméstica de drones nos EUA e simplificar a aquisição militar. O esforço está sendo conduzido pelo Departamento de Eficiência Governamental, ou DOGE, dentro do Pentágono, uma unidade cuja influência crescente agora se estende à base industrial de defesa dos EUA.
A iniciativa foi reportada pela Reuters, que citou funcionários do Pentágono e outras pessoas familiarizadas com o plano. A agência de notícias disse que o DOGE está coordenando um grande esforço para reunir especificações do Exército, Marinha, Força Aérea, Corpo de Fuzileiros Navais e da Defense Innovation Unit. O objetivo é montar rapidamente um catálogo de drones produzidos nos EUA aprovados, reduzir a burocracia e afastar a produção de plataformas que dependem de componentes chineses.
Segundo a Reuters, a equipe do DOGE — liderada pelo ex-fuzileiro naval e ex-trader do Goldman Sachs Owen West — está se preparando para submeter um relatório ao Gabinete do Secretário de Defesa delineando a escala e o cronograma do programa. Se implementado, representaria a maior aquisição de drones táticos pequenos pelos EUA até hoje e um ponto de inflexão na forma como as forças armadas abordam a compra de sistemas não tripulados.
A iniciativa segue a diretiva do Secretário de Defesa Pete Hegseth, de julho de 2025, de “afirmar a dominância dos EUA em drones” e treinar unidades de combate para o que ele chamou de “era das guerras de drones”. Essa declaração refletiu lições extraídas do conflito na Ucrânia, onde drones produzidos em massa — frequentemente custando apenas alguns milhares de dólares — tornaram-se decisivos no campo de batalha durante a invasão em curso da Rússia.
Para os Estados Unidos, o programa DOGE representa tanto um impulso de modernização quanto o reconhecimento de que está em processo de recuperação. Analistas observam que, embora o Pentágono opere sistemas sofisticados como o MQ-9 Reaper e o RQ-4 Global Hawk, faltou-lhe capacidade para produzir drones baratos e descartáveis em escala industrial. Em contraste, Rússia e Ucrânia agora empregam dezenas de milhares de pequenos UAVs a cada mês.
A Ucrânia, por exemplo, anunciou planos para fabricar 4,5 milhões de drones de visão em primeira pessoa (FPV) em 2025 e pelo menos 30.000 drones de ataque de longo alcance, enquanto a Rússia afirma ter produzido centenas de milhares de pequenos UAVs e dezenas de milhares de munições teleguiadas com capacidade de pairar. Nesse contexto, a meta de 30.000 unidades de Washington parece modesta — mas provavelmente sinaliza uma grande mudança cultural e industrial dentro do Pentágono.
Empresas posicionadas para se beneficiar incluem Skydio, Red Cat Holdings, PDW Inc. e a startup Neros, que já fornecem drones táticos às forças dos EUA. Seus produtos variam de quadricópteros leves usados para reconhecimento e designação de alvos a sistemas multirrotores maiores capazes de transportar pequenas cargas úteis. Os preços, segundo relatos, variam de alguns milhares de dólares até várias centenas de milhares, dependendo do tamanho e da configuração.
O relacionamento da iniciativa com o programa Replicator do Pentágono — lançado em 2023 para implementar milhares de drones autônomos — permanece incerto. A Reuters reportou que algumas capacidades do Replicator já foram “transferidas para os usuários finais apropriados”, o que sugere que o esforço do DOGE poderia absorver partes desse projeto.
Por enquanto, o Departamento de Defesa não confirmou publicamente detalhes nem emitiu contratos vinculados ao plano dos 30.000 drones. Mas a direção é inequívoca: após duas décadas investindo em aeronaves remotamente pilotadas complexas e de alto valor, as Forças Armadas dos EUA estão se voltando para a produção rápida de grande número de drones acessíveis, aceitando que muitos serão perdidos em combate.






