Hindustan Aeronautics (HAL), fabricante aeroespacial de propriedade do governo da Índia, assinou um Memorando de Entendimento (MoU) com sua contraparte russa, a United Aircraft Corporation (UAC), para produzir o Sukhoi Superjet 100 (também referido como Yakovlev SJ-100) na Índia.
O acordo foi assinado em Moscou em 28 de outubro de 2025, por representantes das duas fabricantes de aeronaves.
Embora essa parceria tenha, segundo relatos, sido discutida desde pelo menos 2023, o momento do anúncio — poucos dias após a administração Trump impor novas tarifas à Índia por não reduzir suas importações de petróleo russo — foi amplamente noticiado pela mídia indiana como um gesto político.
A UAC da Rússia está atualmente sob sanções tanto dos EUA quanto da União Europeia.
Os detalhes exatos desse projeto de cooperação industrial não são conhecidos. No entanto, não seria a primeira vez que a HAL fabrica aeronaves projetadas na Rússia (e anteriormente na União Soviética) sob licença na Índia.
No entanto, até o momento, essas parcerias industriais estiveram circunscritas à produção de aeronaves militares, como o MiG-21, MiG-27 e Su-30MKI, que são ou foram operadas pela Força Aérea Indiana.
Também não está claro quais motores equipariam os Superjets produzidos na Índia. A opção inicial de motor para esse tipo de aeronave foi o PowerJet SaM146, que depende de tecnologia francesa da Snecma. Contudo, após a invasão russa da Ucrânia e as sanções subsequentes, a Rússia procurou substituir esse motor pelo Aviadvigatel PD-8, desenvolvido domesticamente e que ainda está em processo de certificação.
Capaz de transportar cerca de 100 passageiros, o Superjet 100 foi projetado principalmente para voos regionais, um segmento relevante para a Índia enquanto o país busca ampliar a conectividade aérea doméstica.
Desde 2016 o governo indiano executa o programa UDAN, que visa estimular o transporte aéreo regional por meio de subsídios e outros incentivos, bem como pela melhoria e construção de aeroportos regionais em toda a Índia.
A UAC, por sua vez, tem tido dificuldades para encontrar clientes estrangeiros para o Superjet 100. Embora tenha obtido algum sucesso comercial inicial ao ser lançado em 2011 com operadores em países como Armênia, México e Irlanda, entre outros, vários desses operadores posteriormente aposentaram a aeronave após relatar problemas técnicos e suporte técnico inadequado.
De acordo com ch-aviation, em 29 de outubro de 2025, há 137 Superjets em serviço comercial ativo, todos eles com companhias aéreas russas. Há também seis aeronaves na versão VIP, das quais quatro são operadas por operadores não russos (três pela Força Aérea Real da Tailândia e uma pela Força Aérea do Cazaquistão).
O último tipo de avião a ser produzido domesticamente pela Índia foi o Avro (posteriormente Hawker Siddeley) HS-748. Um total de 89 exemplares dessa aeronave de projeto britânico foram produzidos sob licença na Índia, a partir de 1961. A maioria dessas aeronaves entrou em serviço na Força Aérea Indiana, embora a companhia estatal Indian Airlines também tenha recebido 17 delas.
A Índia também tem um acordo com a Airbus para montar a aeronave de transporte multimissão C295 em uma nova instalação no estado de Gujarat. Espera-se que a primeira C295 produzida na Índia seja concluída em algum momento de 2026.
