A Alemanha já contratou 35 F-35A, e as aeronaves adicionais levariam sua frota planejada a 50 aparelhos.
Quase sete meses depois que a mídia alemã noticiou que o ministro da Defesa do país, Boris Pistorious, apoiava a escolha de seu país por adquirir 35 F-35 Lightning II e negava veementemente especulações sobre uma reconsideração, Der Spiegel agora informou pedidos orçamentários para mais 15 aeronaves.
A publicação relatou que a informação consta entre os projetos militares mencionados em “documentos confidenciais” apresentados ao Comitê de Orçamento do Bundestag. Caso a nova aquisição seja aprovada, a frota planejada da Luftwaffe atingiria 50 aeronaves.
Citanto os documentos classificados, o Spiegel disse: “Os planejadores de Pistorius estimam um orçamento de €2,5 bilhões para as 15 aeronaves de combate de alta tecnologia adicionais do fabricante norte-americano Lockheed Martin.”
Os primeiros dos 35 F-35A da Luftwaffe estão previstos para serem entregues entre 2026-2027, conforme o acordo de 15 de dezembro de 2023, de US$ 8,4 bilhões, e seriam baseados na Base Aérea de Büchel. Essa base abriga o 31º Esquadrão de Caça-Bombardeiro e também armazena bombas nucleares americanas B61, que seriam empregadas pelas aeronaves Tornado baseadas ali como parte do Acordo de Partilha Nuclear da OTAN.
O Spiegel relata que a Alemanha está considerando a aquisição de mais 15 caças multifunção F-35A para substituir o envelhecido Tornado.
Tal compra elevaria a frota alemã de F-35A para 50 aeronaves, o que, em combinação com os 20 Eurofighter Tranche 5 e 15… pic.twitter.com/EeebaNdzR1
— Jeff2146 (@Jeff21461) 20 de outubro de 2025
Frota atual e planos futuros da Luftwaffe e da Deutsche Marine
O F-35A deve substituir a variante Tornado IDS (Interdictor/Strike) e assumir o papel nuclear da OTAN, função que a aeronave de geometria variável desempenha há anos. Os Eurofighter Typhoon, também operados pela Alemanha, não estão certificados para transportar essa arma atômica.
De acordo com o relatório World Air Forces 2025 da Flight Global, a Luftwaffe opera 64 Tornado IDS — que foram autorizados a operar a B61 — e 21 Tornado ECR (Electronic Combat/Reconnaissance). Seu número de Typhoon atualmente é de 129 aeronaves e, em 15 de outubro de 2025, a Alemanha encomendou 20 novos jatos Tranche 5, uma semana após o Bundestag aprovar a compra em 8 de outubro.
A Alemanha também quer mais quatro P-8A Poseidon de patrulha marítima, segundo o orçamento e os planos navais, elevando sua frota futura para 12 aeronaves, a partir das oito inicialmente contratadas. A Alemanha recebeu a primeira de suas P-8A em 2 de outubro.
NOVIDADE: A Alemanha planeja comprar mais 15 caças F-35 da Lockheed Martin por cerca de €2,5 bilhões, além dos 35 já encomendados.
Fonte: Reuters pic.twitter.com/0s95dOZlvs
— Clash Report (@clashreport) 20 de outubro de 2025
‘Mais F-35A são cruciais’
As notícias sobre a Alemanha reconsiderar sua participação no programa F-35 surgiram em meio a rumores de que os EUA detêm um “interruptor de desligamento” especial para desativar remotamente todas as frotas globais de F-35 em retaliação a dissidências diplomáticas. Contudo, como explicamos aqui no The Aviationist, o controle sobre os F-35 tem mais a ver com restringir o fornecimento de peças, componentes ou atualizações críticas de software que podem prejudicar a capacidade operacional do caça, ou mesmo sua capacidade de voo.
Der Spiegel citou funcionários não identificados de “círculos de segurança”, que disseram que “a renovação da frota da Força Aérea é estrategicamente importante [e] essencial” tanto para o papel de “partilha nuclear” quanto para a Bundeswehr “cumprir os novos requisitos da OTAN” no futuro. “A aliança reforçou significativamente seus planos de defesa e dissuasão devido à ameaça russa, e a superioridade aérea é considerada um elemento central do novo conceito”, acrescentou a reportagem.
No início de setembro, drones russos violaram o espaço aéreo polonês, levando a OTAN a lançar a Operação Eastern Sentry na Polônia, com os Typhoon da RAF de RAF Coningsby também sendo deslocados para fortalecer a ala leste da aliança. Em 15 de outubro, Pistorious anunciou as contribuições alemãs para a Atividade de Vigilância Reforçada Eastern Sentry da OTAN, listando o destacamento da Luftwaffe para Malbork, na Polônia, além dos seus jatos já implantados em Constanta, na Romênia.

“Para garantir nossas capacidades nos próximos anos, a Alemanha investirá €10 bilhões em drones de todos os tipos e altitudes — tanto drones de ataque quanto de defesa — em conformidade com seu planejamento orçamentário”, acrescentou a reportagem. No plano naval, a DW mencionou, em reportagem de 16 de maio de 2025, esforços alemães e britânicos para desenvolver um míssil de longo alcance e futuras operações conjuntas de guerra antissubmarino (ASW) e patrulha marítima no Mar do Norte e no Atlântico Norte.
Os Typhoon da Luftwaffe, juntamente com jatos da Finlândia, Polônia e dos EUA como nações “contribuintes”, estão atualmente participando do exercício anual de dissuasão nuclear da OTAN Steadfast Noon. As operações do exercício estão centradas na Base Aérea de Volkel (Países Baixos), na Royal Air Force Lakenheath (Reino Unido), na Base Aérea de Kleine-Brogel (Bélgica) e na Base Aérea de Skrydstrup (Dinamarca).
O F-35 e o Tornado são as aeronaves “dual capable” da OTAN que, como mencionado anteriormente, estão autorizadas a operar a bomba nuclear B61-12. A chegada dos F-35A ao serviço naturalmente ampliará o arsenal de entrega nuclear da OTAN na Europa.
O Steadfast Noon deve ocorrer até 24 de outubro, envolvendo 70 aeronaves de 14 países aliados e acontece em quatro nações anfitriãs, bem como no espaço aéreo sobre a região do Mar do Norte.
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— NATO Air Command (@NATO_AIRCOM) 20 de outubro de 2025
Implicações de custo e FCAS
O relatório do Der Spiegel, entretanto, citou implicações de custo das obras de infraestrutura atuais na Base Aérea de Büchel para suportar os F-35A, que aumentaram dos €700 milhões originais para €2 bilhões. Em reportagem anterior, o Der Spiegel notou a necessidade de contratar mais pessoal para acelerar os trabalhos, a complexidade técnica da construção em altas altitudes e a alta nos preços dos materiais de construção como fatores que contribuíram para o aumento dos custos.
A Alemanha planeja comprar mais 15 caças F-35A americanos além dos 35 já encomendados pic.twitter.com/nofrAXVtd5
— MilitaryNewsUA (@front_ukrainian) 20 de outubro de 2025
É provável que a Alemanha também precise de caças de quinta geração adicionais após sua divergência com a França sobre o sistema aéreo de combate de sexta geração FCAS (Future Combat Air System). Essa divergência surgiu quando a Dassault exigiu 80% da participação no trabalho, em vez dos 50% que permitiriam um compartilhamento igual do trabalho com os parceiros Airbus e Indram, para fazer o programa, já atrasado, avançar.






