O cofundador, assim como o diretor financeiro da empresa dos EUA por trás da falida companhia aérea de baixo custo australiana Bonza, foi acusado pelo Federal Bureau of Investigation (FBI) por um suposto esquema de fraude de US$500 milhões.
Após a conclusão de uma grande investigação, o FBI acusou o cofundador da 777 Partners, com sede em Miami, Joshua Wander (44 anos), e o diretor financeiro Damien Alfalla de roubar mais de US$500 milhões dos credores e investidores da empresa. Investigadores afirmam que Wander e Alfalla desviaram dinheiro das contas da empresa e mentiram para investidores ao longo de vários anos, descrevendo a operação como uma “casa de cartas”.
Conforme noticiado pela ABC News na Austrália, o diretor-assistente do FBI Christopher G. Raia disse, em comunicado, que o roubo ocorreu “por meio de mentiras fabricadas sobre o sucesso e registros financeiros adulterados”.
Segundo o procurador do Distrito Sul de Nova York, Jay Clayton, Wander teria usado a 777 Partners “para enganar credores privados e investidores e obter centenas de milhões de dólares, empenhando ativos que sua firma não possuía, falsificando extratos bancários e fazendo outras declarações materiais falsas sobre a condição financeira da 777”.
“Os réus apresentaram uma ilusão de estabilidade que foi uma casa de cartas de anos”, disse o agente especial do Homeland Security Ricky J. Patel em comunicado. “Este suposto esquema era autocentrado, desviando fundos destinados às vítimas e deixando investidores e credores com o prejuízo.”
Conforme noticiou a BBC, já em 2018 Wander começou a investir em “novos setores com perfis de fluxo de caixa menos certos, incluindo plataformas de streaming, companhias aéreas e clubes esportivos profissionais como Sevilla FC e Genoa CFC”. Investigadores disseram que ele fez isso sabendo que o grupo sediado em Miami ou não dispunha dos fundos ou já os havia prometido a outros credores e tentou ocultar isso.
Consequentemente, Wander, juntamente com Alfalla, foi acusado de uma contagem de conspiração para cometer fraude eletrônica (wire fraud), uma contagem de fraude eletrônica e uma contagem de fraude de valores mobiliários, cada uma com pena máxima de 20 anos de prisão. Wandser também foi acusado de uma contagem de conspiração para cometer fraude de valores mobiliários, que prevê pena máxima de cinco anos de prisão.

Investigadores dos EUA disseram que Alfalla está cooperando com o governo e com as investigações em curso. O advogado de Wander, Jordan Estes, afirmou que Wander nega todas as acusações, dizendo à Bloomberg: “Trata-se de uma disputa comercial disfarçada de um caso criminal. Estamos ansiosos para esclarecer os fatos.”
O que aconteceu com a Bonza?
A Bonza iniciou operações a partir do Sunshine Coast Airport (OOL), na Austrália, no início de 2023, oferecendo voos baratos entre destinos regionais e evitando deliberadamente confrontar de frente as grandes companhias australianas Qantas, Jetstar e Virgin Australia em sua rede principal de rotas.
A companhia aérea ainda não era lucrativa quando entrou em colapso em abril de 2024, dependendo inteiramente da 777 Partners para financiamento contínuo que mantivesse sua pequena frota de Boeing 737 em operação. No entanto, a equipe de gestão da Bonza, incluindo o CEO Tim Jordan, foi pega de surpresa quando credores apreenderam repentinamente as aeronaves em abril de 2024, à medida que os problemas da 777 se agravaram, levando efetivamente ao fim da companhia aérea.

Quando a Bonza entrou em colapso, centenas de funcionários ficaram sem receber, enquanto milhares de passageiros perderam dinheiro referente a voos futuros que haviam reservado. Contudo, alguns passageiros receberam reembolsos por meio de estornos bancários ou voos de substituição oferecidos pela Qantas e pela Virgin após a falência da Bonza. O contribuinte australiano arcou com a conta dos salários não pagos aos empregados por meio do Fair Entitlements Guarantee do governo federal australiano.
Em abril de 2025, a Australian Securities and Investments Commission (ASIC) afirmou que não apresentaria acusações contra nenhum dos ex-diretores da companhia aérea. O regulador disse que, apesar das prisões nos EUA, mantém essa decisão.






