Indústria e Tecnologia

Boeing avança CxR: tiltrotor não tripulado para combate e logística

A Boeing está avançando sua visão para uma nova classe de aeronaves tiltrotor não tripuladas projetadas para operar ao lado de plataformas tripuladas em funções de ataque, reconhecimento e logística. O conceito, chamado CxR (Collaborative Transformational Rotorcraft), foi revelado pela primeira vez por Aviation Week e Breaking Defense, que cobriram declarações de engenheiros da Boeing durante uma coletiva de imprensa antes da Association of the United States Army (AUSA) 2025 Annual Meeting and Exposition, realizada de 13 a 15 de outubro no Walter E. Washington Convention Center em Washington, D.C. 
 
A Boeing não emitiu um comunicado de imprensa formal, mas engenheiros disseram a repórteres que a aeronave se destina a ser um tiltrotor não tripulado de alta velocidade capaz de executar missões de reconhecimento, ataque e transporte. 

De acordo com o Breaking Defense, Chris Speights, engenheiro-chefe da divisão Vertical Lift da Boeing, disse que o CxR permanece na fase de projeto conceitual. O tiltrotor usaria um único motor a turbina a gás acionando duas hélices basculantes e teria um peso bruto de aproximadamente 5.000 a 7.000 libras. Seria capaz de transportar de 1.000 a 2.000 libras de carga útil — variando de armas e sensores a carga — com velocidade máxima entre 200 e 250 nós.  
 
A Boeing prevê duas versões principais: uma configuração de combate conhecida como Aeronave Rotativa de Combate Colaborativa (Collaborative Combat Rotorcraft, CCR), projetada para atuar como ala (wingman) do AH-64 Apache, e uma Aeronave Rotativa Logística Colaborativa (Collaborative Logistics Rotorcraft, ClR) que poderia apoiar operações do CH-47 Chinook. Ambas compartilhariam um sistema comum de propulsão e controle de voo, mas apresentariam fuselagens modulares adaptadas a missões específicas. 

Como o projeto ainda está na fase conceitual inicial, a Boeing está buscando feedback do Exército dos EUA para refinar seus requisitos. Speights disse a repórteres que análises operacionais estão em andamento e que resultados preliminares sugerem que o conceito atende às necessidades de uma abordagem de “família de sistemas” que integra aeronaves tripuladas e não tripuladas. 

A divulgação do CxR ocorre enquanto o Exército redesenha sua estratégia de modernização de aeronaves rotativas sob a iniciativa Future Vertical Lift (FVL). Esse esforço visa substituir ou complementar helicópteros atuais por aeronaves de próxima geração que ofereçam maior alcance, velocidade e conectividade digital. Em 2024, o Exército cancelou seu programa Future Attack Reconnaissance Aircraft (FARA) para redirecionar financiamento a sistemas não tripulados e ao Future Long-Range Assault Aircraft (FLRAA), que segue agora com o tiltrotor MV-75 da Bell. A Boeing continua sendo um contratante chave do FVL por meio de seu trabalho na atualização CH-47F Chinook Block II e em outros programas de levantamento vertical. 

Aviation Week observou que a entrada da Boeing no mercado de VTOLs não tripulados de grande porte a posiciona ao lado de concorrentes como a Sikorsky, que recentemente revelou sua família híbrido-elétrica Nomad, e a Shield AI, que planeja estrear seu próprio drone VTOL colaborativo ainda este ano. A corrida para dominar esse segmento reflete o crescente interesse militar em sistemas não tripulados que possam igualar a velocidade e a capacidade de carga útil de helicópteros tradicionais. 

A Boeing não divulgou um cronograma de desenvolvimento para o CxR, mas engenheiros continuam estudos de projeto e desempenho dentro da divisão Vertical Lift da empresa na Filadélfia, que também supervisiona os programas H-47 Chinook e V-22 Osprey. A empresa ainda não indicou se um demonstrador de voo ou protótipo está planejado. 

Tanto o Aviation Week quanto o Breaking Defense relataram que a Boeing está apresentando o CxR como o maior conceito de aeronave não tripulada do Exército dos EUA desde a introdução do General Atomics MQ-1C Gray Eagle em 2011. Essa comparação ressalta a escala do projeto, que marcaria uma mudança importante nas operações rotativas do Exército em direção a sistemas não tripulados maiores e de longo alcance. 

Shares:

Related Posts

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *