Aviação Comercial

Tecnologia e regulamentação transformam o uso de drones no Brasil

Os avanços tecnológicos e regulatórios estão redefinindo o uso de drones no Brasil, ampliando suas aplicações na logística, saúde, infraestrutura e em operações de segurança.

Tenho acompanhado de forma contínua a evolução dos drones e suas aplicações em diferentes mercados. É notável como, em pouco mais de uma década, esses aparelhos progrediram muito em pilotagem, autonomia e funcionalidades.

No começo, havia uma certa confusão conceitual entre drones e eVTOLs (veículos elétricos de decolagem e pouso vertical). Ambos eram agrupados como “veículos voadores do futuro”, e poucos sabiam exatamente qual seria seu papel prático. A imaginação coletiva remetia a cenários ao estilo Jetsons — carros sobrevoando as cidades — e muitos projetos nasceram nessa expectativa.

Visitei diversas iniciativas e fábricas fora do Brasil, inclusive em Israel, que acabaram interrompendo atividades por falta de financiamento e por um ambiente regulatório ainda pouco amadurecido — dois dos principais obstáculos da época.

Desde então, tanto a regulação quanto o mercado evoluíram de forma profunda. O capital eufórico, interessado apenas em inovações visionárias, deu lugar a investimentos mais racionais, direcionados a empresas sólidas e a soluções práticas, escaláveis e sustentáveis.

A ANAC, no Brasil, acompanhou esse processo positivamente, adotando postura mais colaborativa e moderna, adaptando normas e reforçando a segurança operacional sem frear o progresso tecnológico.

Hoje o setor de drones se integra ao cotidiano de modo mais consciente — menos movido por fantasia e mais orientado por função e eficiência. A tecnologia amadureceu, a regulação se ajustou e o mercado encontrou aplicações concretas: logística, segurança, agricultura de precisão, infraestrutura e saúde.

No Brasil, o potencial é ainda maior. Os elevados custos logísticos e as longas distâncias entre centros urbanos e áreas remotas tornam os drones ferramentas estratégicas para o transporte de insumos médicos e o apoio a operações de emergência, especialmente em locais de difícil acesso. Da mesma forma, inspeções e monitoramentos de infraestrutura representam ganhos significativos em eficiência e segurança operacional.

Outro campo que ganha destaque é o das entregas em grandes centros urbanos, onde os drones podem reduzir custos e tempos de deslocamento, embora enfrentem desafios importantes — em particular o ruído e a convivência com o ambiente urbano.

O setor caminha, portanto, para uma fase de consolidação e oportunidades. Empresas que entenderem os drones como instrumentos de eficiência, conectividade e transformação operacional estarão na vanguarda de um mercado em rápida expansão, com potencial para redefinir a movimentação de bens, serviços e informações no país.

* Marcos Amaro é empresário, artista plástico e foi membro do conselho da TAM Linhas Aéreas.
É sócio‑fundador e presidente do conselho da Amaro Aviation

Por Marcos Amaro – Especial para AERO Magazine
Publicado em 17/11/2025, às 14h40

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