Indústria e Tecnologia

EUA analisam pedido da Arábia Saudita para 48 caças F-35

Os Estados Unidos estão considerando um pedido da Arábia Saudita para comprar até 48 caças Lockheed Martin F-35, um possível acordo multibilionário que poderia remodelar o equilíbrio militar no Oriente Médio. O potencial acordo, primeiro relatado por Reuters, surge enquanto o Príncipe Herdeiro Mohammed bin Salman se prepara para visitar Washington e enquanto as negociações para normalizar as relações entre a Arábia Saudita e Israel retomam-se discretamente.

De acordo com Reuters, a administração Trump permitiu que o pedido saudita superasse um obstáculo chave no Pentágono, encaminhando a proposta ao nível do secretário dentro do Departamento de Defesa. Nenhuma decisão final foi tomada, e a venda ainda exigiria aprovação do Presidente Trump, revisões adicionais em nível de gabinete e notificação formal ao Congresso. O acordo proposto forneceria ao reino dois esquadrões completos dos caças furtivos.

Se concluída, a venda faria da Arábia Saudita a primeira nação árabe a operar o F-35 — um caça de quinta geração considerado a aeronave de combate mais avançada em serviço em qualquer lugar do mundo. Israel é atualmente o único país do Oriente Médio a voar o jato. Sua frota de variantes F-35I “Adir” está operacional desde 2016, dando à Força Aérea Israelense uma vantagem tecnológica decisiva sobre adversários regionais.

Essa vantagem tecnológica está no cerne de uma política de longa data dos EUA conhecida como a “vantagem militar qualitativa” de Israel, que exige que Washington garanta que Israel mantenha capacidades superiores em relação a seus vizinhos. Qualquer movimento para vender F-35s a estados árabes é, portanto, politicamente sensível e tem sido repetidamente adiado ou bloqueado por décadas.

A administração Trump sinalizou disposição para revisitar algumas dessas restrições como parte de esforços diplomáticos mais amplos na região. Em 2020, após os Acordos de Abraão que normalizaram as relações entre Israel e vários estados árabes, os EUA concordaram em princípio em vender até 50 F-35s aos Emirados Árabes Unidos. O acordo proposto, avaliado em cerca de US$23 bilhões, foi posteriormente congelado pela administração Biden no início de 2021. Autoridades em Washington levantaram preocupações sobre o uso, pelos Emirados, de redes 5G da chinesa Huawei e sobre a possível exposição de tecnologia sensível dos EUA. Essas negociações não foram retomadas.

Outras nações do Golfo — incluindo Qatar, Kuwait, Bahrein e Omã — demonstraram interesse pelo F-35, mas nunca receberam aprovação. O pedido do Qatar em 2020 pelo caça foi negado discretamente. A maioria das forças aéreas do Golfo continua a depender de F-15s, F-16s ou Eurofighter Typhoons para suas missões de primeira linha.

A Arábia Saudita busca há tempos acesso ao F-35 como parte de seu amplo programa de modernização Visão 2030, que visa diversificar a economia do reino e fortalecer a produção de defesa doméstica. A Força Aérea Real Saudita já opera F-15s e Typhoons, mas vê o jato furtivo como um ativo crítico para contrariar ameaças emergentes, especialmente do Irã.

O momento das renovadas discussões sobre o F-35 parece estar ligado a avanços diplomáticos entre Riade e Jerusalém. A reportagem da Reuters observou que a venda potencial poderia fazer parte de um acordo maior para normalizar as relações entre Arábia Saudita e Israel, ecoando o modelo dos Acordos de Abraão. Esses esforços foram interrompidos após o ataque do Hamas a Israel em 2023 e a subsequente invasão israelense a Gaza, mas teriam recuperado impulso em meio a um cessar-fogo e a prioridades regionais em mudança.

Espera-se que o Congresso examine de perto qualquer venda proposta. Muitos parlamentares permanecem cautelosos quanto à expansão das transferências de armas para Riade após o assassinato do jornalista Jamal Khashoggi em 2018 e por preocupações contínuas com direitos humanos. Ainda assim, Trump priorizou o aprofundamento da cooperação de defesa com a Arábia Saudita desde seu retorno ao cargo. Em maio de 2025, a administração anunciou um pacote de armas de US$142 bilhões que descreveu como o maior acordo de defesa EUA-Arábia Saudita já assinado.

A Lockheed Martin não comentou sobre a possível venda, e a Casa Branca e o Departamento de Estado não emitiram declarações públicas.

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